ISSN 2692-3912

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Tempo livre

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Numa tarde de domingo, em Central Park, ou

numa tarde de domingo, em Hyde Park, ou

numa tarde de domingo, no jardim do Luxemburgo, ou

num parque qualquer de uma tarde de domingo

que até pode ser o parque Eduardo VII,

deitas-te na relva com o corpo enrolado

como se fosses uma colher metida no guarda-

napo. A tarde limpa os beiços com esse

guardanapo de flores, que é o teu vestido

de domingo, e deixa-te nua sob o sol frio

do inverno de uma cidade que pode ser

Nova Iorque, Londres, Paris, ou outra qualquer,

como Lisboa. As árvores olham para outro sítio,

com os pássaros distraídos com o sol

que está naquela tarde por engano. E tu,

com os dedos presos na relva úmida, vês

o teu vestido voar, como um guardanapo,

por entre as nuvens brancas de uma tarde

de inverno.

 

UM INVERNO EM LISBOA

É verdade que Lisboa, no inverno, não tem a

consistência de uma cidade do norte. O ar

é húmido, o frio não entra na alma, e não

há os brancos puros, nem os cinzentos que

duram, nem sequer o sentimento inquietante

de que o mundo parou sob a mortalha celeste.

 

As cidades, no entanto, enganam. E em Lisboa,

no inverno, há quem sofra com a solidão que

desce com a tarde. Um fim de frase pode trazer

consigo a percepção da morte; e nenhumas palavras

conseguirão dar um sentido a quem não sabe

que caminho seguir, ou em que café entrar.

 

Em Lisboa, no inverno, pode ver-se, de

vez em quando, uma borboleta perdida por

entre os carros mal estacionados. As suas asas

não brilham; e pode, até, duvidar-se

se estará viva ou morta. Mas quando os dedos

se aproximam para a agarrar, ela debate-se;

parece fugir; e limita-se a cair para o chão.

 

É verdade que, no inverno, pouco mais resta

a uma borboleta do que morrer. Mas quem vê,

nela, a ilusão de que a primavera já se aproxima,

interroga-se depois: «é isto a vida? Crisálida

de que nada, vazio, angústia de nunca ter sido?»

 

EM LISBOA

Entras no café e sentas-te na mesa que

ainda não foi limpa, como se não tivesses

escolha. Afastas de ti o cinzeiro, a chávena ainda

morna, o copo de bagaço bebido até à última

gota, e sacodes os cabelos para que as sombras

que ali estivessem se dissipem. Os teus olhos

ficam presos ao tecto, onde uma fita para

apanhar moscas ficou de um verão há muito

passado. Manchas de humidade e de fumo,

e gesso à vista, compõem o quadro

abstracto onde procuras um sentido para

o que te falta. As tuas mãos hesitam, sobre

as pernas, como se não tivesses decidido

o que fazer. Mas se voltasses a sair, para

onde irias, agora que a tarde caiu e já não

se vê quem passa, por trás da montra? E

se ficares, quem poderá chegar, a esta hora,

para não te deixar só contigo, nessa mesa que

o criado demora em vir limpar? Sem saber

porquê, guardei a tua imagem, e ando com ela

neste poema que sabe o teu nome, sem nunca

o dizer, como se lhe tivesses pedido segredo.

 

A LUZ DE LISBOA

A luz atravessa o quarto entre

as duas janelas, e é sempre a mesma luz, embora

de um lado seja o poente – onde está o sol, agora – e do outro

o nascente – onde o sol já esteve. No quarto

juntam-se poente e nascente, e é esta

luz que confunde o olhar, que não sabe em que

hora se situa a luz primeira. Então, olho a linha

que percorre o espaço entre as duas janelas,

como se não tivesse princípio nem fim; e

o que faço é puxar essa linha para dentro

do quarto, e enrolá-la, como se me

pudesse servir dela para atar as duas extremidades

do dia ao meio-dia, e deixar que o tempo fique

parado entre duas janelas, a poente

e a nascente, até que o fio se volte

a desenrolar, e tudo

recomece.

 

Júdice, Nuno. A Matéria do Poema. Don Quixote, 2008.

 

Nuno Júdice es un ensayista, poeta, novelista y profesor universitario portugués. Consejero cultural de la Embajada de Portugal y director del Instituto Camões en París, publicó antologías, crítica literaria, historia, estudios de Teoría de la Literatura y Literatura portuguesa y mantiene una colaboración regular en la prensa. Divulgador de la literatura portuguesa del siglo XX, publicó, en 1993, Voyage dans un siècle de Littérature Portugaise. Organizada la Semana Europea de la Poesía, en el ámbito de Lisboa ’94 – Capital europea de la cultura. Es actualmente director de la Revista Colóquio-Letras de la Fundación Calouste Gulbenkian. Poeta y novelista, su debut literario tuvo lugar con A Noção de Poema (1972). En 1985 recibiría el Premio Pen Club, el Premio D. Dinis de la Fundación Mateus en 1990. En 1994, la Asociación Portuguesa de Escritores, lo distingue por la publicación de Meditação sobre Ruínas, finalista en el Premio Aristeion de Literatura Europea. También firmó obras para teatro y tradujo a autores como Corneille y Emily Dickinson. Fue director de la revista literaria Tabacaria, publicado por Casa Fernando Pessoa y comisario para el área de Literatura portuguesa en la 49.ª feria del libro de Frankfurt. Cuenta con obras traducidas en España, Italia, Venezuela, Reino Unido y Francia. El 10 de junio de 1992, se convirtió oficial de la Orden de Santiago de la Espada, y el 10 de junio de 2013, fue ascendido a gran oficial de la misma orden.

A Phoenix Intersection

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Be a modern artist: pick a busy intersection and proclaim it your masterpiece. The critics love it, applaud your sense of color. . . . Like the best art, it was right in front of you all along but now you see it for the first time. Like the best art, it will outlast you. Colosn Whitehead, The Colossus of New York; A City in Thirteen Parts [New York: Random House, 2003] 79)

 

I must confess it took me a long time to find an intersection in Phoenix that I felt matched Whitehead’s marvelous injunction, and when I did, it turned out to be one I had crossed through several times a day for almost forty years. At first I thought it might be the ground zero of Phoenix, Central Avenue and Washington Street, but that intersection was only symbolic and held little of interest to me. A quick glance at the map of Phoenix—the City of Phoenix, of Metropolitan Phoenix, of Greater Phoenix—reveals it to be almost a perfect checkerboard, with major streets laid out every mile, and, going north and south, secondary and tertiary streets, respectively, every half and quarter mile; these are named streets, and as in most cities, the names are a mixture of national historical figures like presidents, local movers and shakers like founding fathers and famous politicians, and names evocative of the local setting: I happen to live on Palm Lane, a street festooned with imported palm trees that were part of the taming, through greening, of the desert. Running east and west, with only a few exceptions, the streets are numbered, odd numbers dominating to the west of the Central Avenue axis; even streets dominating to the West. Of course, satellite cities are free to have their own naming and numbering system, but this is generally only true in the Southeast Valley.

Because of the symmetrical geometry of the city, I was attracted to Grand Avenue, especially where it runs in at a perfect 45 degree angle at West Van Buren and North 15th Avenue. Grand Avenue is the continuation of U.S. Highway 60 that, prior to its reassignment to the Superstition Freeway, came into Phoenix from the East through Apache Junction, along Apache Boulevard, angling north up Mill Avenue through downtown Tempe and then east along Van Buren, until you came to Grande Avenue, which takes you northwest toward Los Angeles. Because of the Interstate Highway system, it is rare for anyone to get to LA via Grand Avenue: Interstate 10, with which the Superstition Highway now connects and which runs in a straight line west just south of McDowell, less than a mile north of Van Buren, will take you nonstop to the Pacific Palisades. But urban development, while it has left some interesting remnants at this intersection, has also left vacant lots, the bane of downtown Phoenix (someone once said downtown Phoenix looks like Beirut after the war, although things have gotten better in recent years).

In my search for a street corner where there were archeological traces, so to speak, of Phoenix history and an interesting urban mix, I found I could do no better than the major intersection right down the street from my house, an intersection so busy that only an infrared camera in the wee hours of the night might be able to capture images without traffic and one that regularly hosts automobile accidents than can be heard from inside one’s home with even the summer air conditioning running nonstop.

Seventh Avenue and McDowell Road is the intersection of four historic areas in Phoenix: Roosevelt (the SE quadrant), F. Q. Story (the SW quadrant), Willow (the NE quadrant), and, the most renowned, Palmcroft-Encanto (the NW quadrant).

McDowell Avenue (West McDowell at this point, as it lies one mile to the west of Central Avenue) is named for Major General Irwin McDowell whose name was attached to the army post established in 1899 on the eastern edge of what is now the street that bears that name. Such army posts were part of Phoenix’s origins in the post-Civil War Indian Wars in Arizona, a locale that was chosen because of the then flowing Salt River and the absence, at the locale that was to become Phoenix, as any  Indians, hostile or otherwise. When Phoenix began to experience the Post-World War I prosperity that led to a major spurt in its growth, the city ended at McDowell, and around Central Avenue there were some of the city’s first privileged sub-urban residential areas and lots of orchards and farm lands. The Palmcroft-Encanto area, which is reputedly the city’s first attempt at a planned residential community, was built up in the late 1920s and early 1930s and was, at that time, outside city limits. The northern edge of McDowell at this point contains the remnants of California-style courtyard apartments, which share an alley with the upscale Palmcroft development; the southern side of the street, which shares an alley with a more modest but solidly middle-class residential area that was within the city limits, mirrors the north side of the street in part.

The cross street is Seventh Avenue, which has become one of the major north-south arterials in the city, much to the consternation of residences that were once constructed along both sides of it when it was a tranquil city street. Backing out into the oncoming traffic is a decided challenge, and it is not surprising that many of what were once residences have become small business offices and professional installations (the same is true also of what were once homes along McDowell). Everytime one of the homes is sold for use as a doctor’s or a lawyer’s office, residents become divides over the losing battle of saving the edifices as historical houses vs. those who understand that they only continued to generate tax revenue if used commercially—otherwise they are likely to stand abandoned, which no one wants.

The four corners of Seventh Avenue and McDowell bear the traces of what was the original urban village development of the city. As late as 1969, when I bought into the area, the four corners boasted, respectively, on the northwest side a Mobile gas station that has since become a Circle K convenience story. On the northeast corner there is a shopping complex that housed multiple business that included a grocery store, a beauty salon, and a florist, which have since become, after passing through other stages, an antique fair and an ever expanding bakery-café/bistro-upscale fruit and vegetable mart. Yet, this latter building was not one of the first supermarkets in Phoenix. That honor seems to go to Golds, which was located in a building that is still standing and has been recycled nearby at West Roosevelt and North Third Street.

Continuing with the intersection, the southeast corner is also occupied by a large building that included a pharmacy that is now also an antique fair, although Best Cleaner behind the pharmacy going south on Seventh Avenue is still in business and has been continuously for seventy years. The southwest corner also contains two business that have been there, seemingly, for time immemorial: the Emerald Lounge and Runyon’s appliances, both of which have had a decided down-at-the-heels appearance for as long as I have known them. There used to be a gas station also on this corner, and its building was a fast-food outlet for several decades, but the latter business is now closed, and there is now a project to recycle the property for an upscale use.[1] This may mean the disappearance of the Emerald Lounge, a fact that should provoke mixed feelings, since, while for many it is an eyesore, it is, nevertheless, the only neighborhood-style bar in the area and stands in vivid contrast to the upscale watering hole that is the aforementioned café/bistro.

Certainly the most colorful anchor of this intersection is actually located a bit east on West McDowell Rd., and that is the My Florist café/bistro. My Florist was originally a flower shop run by a flamboyant Jewish woman who established it when she came out from New York in the 1940s (apparently, the area had a Jewish character, as the second known Jewish synagogue—the first is a still-standing structure a little over a mile away by the Phoenix Public Library; it is undergoing restoration—is a half-block away on the northwest corner of West McDowell and North Fifth Avenue, where it has served for years as a pawn shop whose large sign over the door and up steep steps from the street supposedly covers a glass-block menorah). When the owner of My Florist died, the flower shop closed, but the tall garishly lit sign was never removed. The new occupants of the property, who have cultivated a booming business that both oldtimers and well-heeled newcomers can’t seem to get enough of, chose to keep the sign and its name for their establishment. This quirky detail, especially the juxtaposition between the gleam and gloss of the café/bistro and its accompanying operations and the kitsch (echt bygone advertising and therefore not retro), is one of the particular attractions of the business. Because of the height of the sign, it dominates the area immediately around the intersection, where there are as yet highrises, much like the old water tower dominates the landscape of small town America. What one does have in this area beyond the My Florist sign is the only tall building in the neighborhood is, up on Central and Palm Lane, on the southwest corner, the interesting building originally built for the Dial Corporation, but now occupied by Viad; one of the most notworthy features of the property is the whimsical human sculptures in the green park that fronts it (these sculptures are continue on into the foyer of the building).

Palm Lane at Seventh Avenue is also noted for another local curioristy: the Statue of Liberty House on the southwest corner. This is a house that was built as a duplicate of one that was taken out of the Moreland corridor at the time of the construction of the through-town segment of the Interstate 10 freeway in the early 1970s. For reasons that have never been clear to the neighbors, many of whom are appalled by this example of non-Arizona kitsch, the owners decided to add this note of patriotic décor, complete with illuminated torch that at least makes giving directions for the intersection easy. Whenever I take a cab to my residence just a block and a half down Palm Lane from Miss Liberty, the driver usually knows exactly where I mean.

Since the major feature of the area around the McDowell/Seventh Avenue intersection is the prized Palmcroft-Encanto historical area, it is important to sense its presence in the lush greenery northwest of the Circle-K convenience store. Immediately to the north of the Circle-K store there is a modern office building that displaced some of the residences along Seventh Avenue mentioned previous (the ones that are, with the growing traffic flow, less and less desirable as homes and more and more susceptible to zoning requests for nonresidencial use). This office building was someone’s bad business investment, and it stood empty for almost two decades before recently being recycled as the Metropolitan Arts High School, part of Arizona’s burgeoning charter-school movement: many of the charter schools occupied so-called reclaimed space such as this office building, being unable to finance free-standing and individually tailored buildings. I have not heard of any squabble over such a semi-commercial use of this space (in the main the charter schools are proprietary operations), although I suspect that the neighbors tend to be of the political persuasion that supports the charter school movement.

Beyond the Circle-K to the northwest, then, and immediately west of the office building housing Metropolitan Arts lies the southeast corner of the Palmcroft-Encanto area, which extends from Seventh Avenue west to Fifteenth Avenue from the alley behind the buildings on McDowell north to Encanto Boulevard, the latter being the southern edge of Encanto Park (there is also a small extension of the Park south of Encanto Boulevard along part of Fifteenth Avenue that result from the developers need, at the time of the depression, to generate capital by selling the property to the city). Palmcroft-Encanto serves as home to important figures in the life of the city, including younger owners who want almost a century’s worth of charm and who are uninterested in commuting from the Acadia/North Scottsdale/Paradise Valley areas that developed as the central core became unattractive in the 1950s as the preferred residential area of the moneyed class). More importantly, it has had some important names associated with it, such as Barry Goldwater, who had a mansion there prior to moving, as his political career soared, to the Country Club preserve and then to Paradise Valley; Supreme Court Chief Justice John Rhenquist; and early powerbroker Frank Snell. Attorney General Bruce Babbitt, Governor Jack Williams, and legendary politician Renz Jennings also lived in the area. Although the area suffered some abandonment (more the Encanto half, which runs from the northern side of Palm Lane to Encanto Boulevard) with the exodus north and northeast beginning in the 1950s and 1960s, it became one of Phoenix’s first thirty or so official designated historical districts, and its integrity is now guarded by homeowners and their occasionally quite zealous spokespersons..

The importance of the Palmcroft-Encanto area has also helped the preservation of other historical areas that were originally more modest in their origins, such as the Willow area to the northeast of the McDowell/Seventh Street intersection and the F.O. Storey area to the south of McDowell on both sides of Seventh Avenue. Right down Seventh Avenue from McDowell is the Kennelworth Elementary School where Barry Goldwater was a student. After becoming almost a seedy inner-city school with the overall decay of downtown Phoenix in the 1960s, it is now an award-winning magnet school and an anchor for the Deck Park that covers the stretch of Interstate 10 that tunnels underground at this juncture. Conversely, the view south along Seventh Avenue from the McDowell intersection reveals the indicators of the presence of the freeway (signs, signals, and on- and off-ramp backed-up congestion) that cut the city in two and destroyed the southern edge of the residential area now known as the F. O. Storey neighborhood.

One of the important details of this intersection, and one of the principal reasons that I found it appropriate for this project, is the preservation of so much historical space. Except for the new building housing the Circle-K on the northwest corner, all of the other three corners are occupied by structures that have and have had multiple uses and that date back forty or fifty years at the least. These buildings can be viewed in two ways. The one on the northeast corner, which houses the larger of the two antique fairs and the now extensive operations of My Florist, is characterized by a second sidewalk parallel to the municipal ones on both Seventh Avenue and McDowell: it is probable that these sidewalks within the property line were constructed before the municipal ones were, which in most of the area appear to have been WPA installations (at least those along my stretch of Palm Lane bear the distinctive stamp of the Administration). Moreover, there is a building overhang that provides shade during part of the day to the sidewalk that L-s around the building. This sort of architectural detail is as significant as the sleeping porches in many of the houses in Palmcroft-Encanto (most of which have been converted in to so-called Arizona rooms), as concessions to the weather in an era before air conditioning and outdoor misters.

On the other hand, these buildings are construction nightmares—and, equally, I am certain—building code nightmares: they have been readapted so many times, with services upgraded so many times, that the visible cooling, plumbing, telephone, and electrical installations are as though the Centre Pompidou avant-la-lettre. This, of course, is a characteristic of many of the recycle and rerecycled buildings of Phoenix or any other city, for that matter. What makes this installation especially interesting is the use of the inner sidewalk and the way in which both the antique fair and My Florist have been able to capitalize on the permanence of this structure to create new anchors of the intersection. It remains to be seen if the proposed renovation plan for the southwest corner—with or without the reference point of the Emerald Lounge—harmonizes with the historical depth of the intersection and the surrounding neighborhood or whether it fragments that unity, as did the Circle-K with its thoroughly functional and this-could-be-anyone-of-our umpteen-thousand-stores design. The decision to build a Circle-K that reiterates an unvarying corporate image that is strictly functional, no matter where it is located, versus the decision to build a more-or-less unique structure that resonates with the human, architectural, and geographic context in which it occurs is crucial for how distinctive segments of the city—in this case, their instances of major arterial intersections—may choose to be: may choose to feel, may choose to be felt, and may choose to stand out distinctively from all the others

 

 

 

 

[1] The cityscape is a dynamic organism, never static and always changing. In the less than a month since I wrote this, Runyon’s and Buffalo Brown’s have been fenced off and torn down. My information is that the Emerald Lounge will remain, and that Starbuck’s will be building an outlet on the corner.

 

Lucha Libre

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©Lorenzo Hernández

No me costó trabajo reconocer a Ángel la mañana que apareció en la puerta del barco. Luego de pasear la mirada, durante unos segundos, sobre la gente reunida en el muelle, al pie del lujoso crucero, comenzó a descender lentamente las escaleras. Hacía poco más o menos de treinta años que no nos veíamos. Pero, claro, era él. Angelito Anzorena. A primera vista, todo en él revelaba el inconfundible aire de su familia. Mejor dicho, era el vivo retrato del gran Ángel, su padre, el compadre Ángel. Ángel redivivo. Cuando llegó al pie de la escalera se detuvo, seguramente buscándome o esperando que alguien le dijera que era yo. No me reconoció, a pesar de que estaba casi frente a mí, sino hasta que sonreí y me adelanté para abrazarlo.

Hacía un par de semanas había recibido un  mensaje electrónico, firmado por él que me anunciaba que al día siguiente se embarcaría en un crucero que primero recorrería el Báltico y luego la costa de Noruega hasta el Ártico. Pasaría un día entero en Oslo y tal vez, me decía, podríamos vernos entonces. No sólo no nos habíamos visto desde hacía tantos años, tampoco nos habíamos comunicado desde que Holly y yo nos habíamos venido a vivir en Noruega. Trabajaba él, en aquella época, en las oficinas centrales del Banco Internacional, en el Paseo de la Reforma, frente al monumento a Cuauhtémoc, donde tenía un modesto empleo en el departamento hipotecario. Ahí llegué a saludarlo algunas veces cuando yo trabajaba en la notaría vecina del banco. Sin embargo, no hacía mucho que mi hermano me había contado que se había enterado, sorprendido, que Angelito ocupaba un alto puesto en la Nacional Financiera. La noticia me alegró porque nuestra relación, aunque nunca había llegado a ser muy estrecha, era una de esas que se establecen entre los hijos de los amigos de los papás. La de mi papá con Ángel, le había contado a Holly, fue una amistad singular. Y para mí, cuando era un niño que apenas cursaba la primaria y ya fanático de la lucha libre, Ángel era uno de mis dos ídolos del ring. El otro era mi papá.

Cierto, mi papá fue luchador.  No profesional como Ángel, pero luchador, ni más, ni menos. En la escuela preparatoria había nacido su afición a la gimnasia. Es probable que como era delgado y de estatura algo menos que mediana, hubiera tenido que desarrollar sus propias defensas físicas frente a los que les gustaba vejar a los débiles, molestar a los que no podían o no sabían defenderse. De modo que se inscribió en la Guay, la de la esquina de Morelos y Balderas, donde acababa todas las tardes, a la salida de la preparatoria, primero, y de la universidad después, sudando en las barras, colgado de las argollas, haciendo pesas y repitiendo innumerables series de abdominales, sentadillas, lagartijas y todo tipo de ejercicios. Pronto su musculatura era notable aunque fuera cubierta por la ropa. Nadie volvió a molestarlo en la escuela. Años después, conoció a algunos luchadores y boxeadores que también iban a la Guay a hacer ejercicio. Cuando uno de ellos, Ángel, lo vio girar y hacer piruetas sobre las barras paralelas, esperó a que terminara mi papá para hacer él lo mismo. No logró hacerlo con la agilidad y la ligereza con las que mi papá lo había hecho. Antes de retirarse cada uno a continuar su propia sesión de ejercicios, cruzaron algunas palabras. Mi papá se enteró entonces que Ángel era luchador profesional.

La  siguiente  vez  que  se  encontraron  en  la Guay, Ángel estaba acompañado por otro par de luchadores. Esta vez les tocó ver cómo mi papá dominaba las suertes colgado de las argollas. Al terminar, le preguntaron si no le gustaría entrenar con ellos. Al día siguiente fue por primera vez a entrenar con Ángel y los otros al ring de la Arena Modelo. Ángel le enseñó lo más elemental: llaves y modos de caer sin lastimarse. A mi papá lo divertía el entrenamiento con los luchadores que completaba los ejercicios del gimnasio y comenzó a alternar las sesiones en la Guay con las de lucha libre en el ring. Un día, don Salvador Lutteroth, el empresario de la lucha libre, lo vio entrenar una caída con El Lobo Negro. Al terminar se les acercó y le preguntó a mi papá quién era y si quería luchar profesionalmente. “Tienes madera de luchador”, le dijo muy serio y añadió: “Si quieres, podrías comenzar la semana entrante, el jueves, por ejemplo,  en  una  de  las  peleas  preliminares… podrías ganarte unos pesos…”. Mi papá le dio las gracias pero le dijo que la afición a la lucha libre era eso, nada más que afición, “soy abogado y periodista… y pronto voy a casarme…”. Don Salvador se le quedó viendo; sabía qué era lo que había que hacer: “Te pones una máscara”, le dijo, “y nadie te va a reconocer, ¡ni tu novia!”. Cada vez que volvía a encontrarse con don Salvador, éste le preguntaba sonriendo: “¿Cuándo vas a ponerte la máscara, Juanito?”.

Nunca se la puso. Se casó, a los dos años nací yo y cuatro años después mi hermano. Necesariamente aumentó el trabajo en el periódico y en el despacho. Pasaba parte de las noches en la redacción de El Universal Gráfico armándolo y durante el día eran los asuntos en el despacho. Muchos de ellos estaban relacionados con los largos y enredados trámites en la Secretaría de Gobernación para legalizar la estancia en el país de republicanos españoles y de judíos perseguidos por el nazismo. Unos y otros acababan siendo amigos de mi papá por lo que al final se negaba a cobrar sus honorarios. De modo que ya no tuvo tiempo de ir a la Guay ni a entrenar con los luchadores. Pero no dejó de ver a Ángel quien para acabalar sus ingresos, se había comprado un taxi. Ahora alternaba la lucha libre con el ruleteo. Su familia crecía, ya tenía cuatro hijos y lo que ganaba en la lucha no le alcanzaba, mucho menos ahora que se había comprado una casita allá en la colonia Clavería y había que ir pagando mensualmente la hipoteca. Cuando bautizaron a Fernando, el cuarto de sus hijos, Ángel y Aurora, que así se llamaba su mujer, invitaron a mis papás para que fueran los padrinos. Desde entonces los conocimos como el compadre Ángel y la comadre Aurora.

Entre mis más antiguos recuerdos está el taxi del compadre Ángel, un Chevrolet azul y blanco en el que pasaba por nosotros para llevarnos a comer de vez en cuando a su casa. Ahí conocí a la comadre Aurora y a sus hijos, Angelito y sus hermanos. Él era el mayor, casi de la misma edad que yo. Por esa época comenzaron a televisar las luchas. Nosotros no teníamos televisión pero a mis primos los invitaban unos vecinos a verla en su casa. Un día fui con ellos. Aquello era maravilloso. Era tener el cine en la sala de tu casa. Una noche nos tocó ver las luchas. Cuando subieron al ring los luchadores, me llamó la atención uno de ellos que iba envuelto en una capa dorada. El otro era muy alto, muy fuerte y muy negro. El anunciador los presentó, al negro como Joe Grant y al de la capa dorada como Ángel Anzorena. Sí, era él, les dije emocionado a mis primos, yo lo conozco, es el compadre Ángel, el que nos lleva en su taxi a comer en su casa. No me acuerdo quién ganó la pelea, pero ahí nació mi afición a la lucha libre.

Cuando se lo conté, todavía muy emocionado, a mi papá, prometió llevarme un día a la lucha libre. Me contó cómo había conocido al compadre Ángel y que había ido a entrenar muchas veces con el compadre y con otros luchadores. Fue entonces cuando comenzamos a ir a una cafetería cercana donde tenían televisión para ver las luchas. O si no, mi papá le pedía a una señora rica,  que  había  sido  amiga  de  mi  abuela  y  que tenía televisión, que nos dejara ir a ver en su casa las luchas. Pero lo mejor de todo era cuando nosotros mismos luchábamos en la casa. Sacábamos los muebles de la sala, el tapete que era cuadrado nos servía de ring, nos poníamos nuestros trajes de baño —con el pescado de la marca Catalina a un lado— y, dependiendo de qué luchador famoso simulaba ser yo, me ponía o no una de las máscaras que mi mamá me había comprado en una tienda de La Merced. Mi papá tenía cuerpo de luchador, con razón el señor Lutteroth, quería que se dedicara a la lucha libre. Me enseñó todo tipo de llaves y las reglas del juego. Porque era un juego, me repetía, una representación como en el teatro. El chiste era no lastimar al contrincante, pero simular que estabas a punto de matarlo. Al principio mi hermano estaba muy chiquito y sólo nos veía luchar, pero pronto ya estaba jugando con nosotros. Un día apareció en el ring de la sala vestido con un traje de baño amarillo, mallas amarillas y una capa amarilla y nos anunció muy serio: “Hoy soy ‘El Cocodrilo Verde’”.

Una vez que pasé con mi mamá por el estanquillo de la esquina de la casa, descubrí que ahí vendían estampas de luchadores para pegar en un álbum especial que también se podía comprar ahí. Las estampas venían en un sobre cerrado, si te salían repetidas las podías cambiar con tus amigos. Así comencé el intercambio, primero con mi hermano y mis primos y luego con algunos amigos de la escuela que también estaban llenando su álbum. Cuando me salían estampas que ya tenía, las cambiaba por alguna de las “difíciles”. Porque había “difíciles” y “fáciles”; la compra-venta estaba muy bien organizada para que se prolongara mientras se extendía el intercambio entre los coleccionistas que andábamos siempre con las bolsas llenas de estampas listos para comparar nuestro tesoro con el primer coleccionista que nos encontráramos y proceder al intercambio. Una vez que llenabas el álbum, lo que te podía llevar meses, acaso más de un año, lo entregabas y te daban un premio. Cuando completé el álbum no fui a entregarlo. No habría premio mejor que guardarlo y ver de vez en cuando aquellas imágenes de mis héroes.

Un día que el compadre Ángel vino a comer a la casa, mi papá todavía no llegaba del trabajo. Mientras lo esperábamos, le enseñé mi álbum. Lo fue hojeando conmigo haciendo comentarios de algunos de sus colegas que ahí aparecían, contando anécdotas de ellos. Se detenía frente a ciertas estampas apuntándolas con el dedo: “Mira, tu papá entrenaba con éste —Tarzán López—, y con este otro —el Lobo Negro—, y con este —Enrique Llanes—, y creo que también con este — Ángel Anzorena—… dile que te cuente”. Por supuesto que mi papá me había contado de sus entrenamientos con ellos cada vez que los veíamos en la televisión o cuando le enseñaba mis estampas.

Nunca olvidaré la primera noche que mi papá me llevó a ver las luchas en vivo. Fue en la arena en la que habían convertido el gran auditorio de Televicentro donde se encontraban los estudios del Canal 2. Esa noche estaba anunciado el compadre Ángel en la pelea estelar que sería de parejas: él y Enrique Llanes contra El Médico Asesino y la Tonina Jackson. Llegamos con anticipación. Mi papá había conseguido boletos de ringside es decir de primera fila, junto al ring. Antes de localizar nuestros asientos, me llevó a los camerinos a ver si podíamos saludar al compadre. A la entrada encontramos al Lobo Negro que, sorprendido, abrió los brazos para saludar a mi papá: “¡Juanito! ¡Qué gusto! ¡Hace tanto que no nos vemos! ¿Dónde te has metido?” Y antes de que mi papá pudiera contestarle, se dieron un apretado abrazo mientras el Lobo me miraba: “¡No me digas que este es Juanito junior!” y el siguiente abrazo fue para mí. “Seguro que buscan a su compadre, vengan yo los llevo a su camerino”. El compadre nos esperaba, mi papá le había hablado para decirle que esa noche iríamos a las luchas y que pasaríamos a saludarlo. Nos llevó a saludar a los que esa noche lucharían con él. Por los angostos pasillos pasaban los luchadores o se detenían a platicar entre ellos y cuando reconocían a mi papá, lo saludaban con grandes abrazos y fuertes palmadas en la espalda, le reclamaban, qué por qué ya no iba a entrenar con ellos, lo reconocían como uno de ellos con ese afecto que solo está reservado para los del mismo oficio y que se hace más visible cuando después de dejarse de ver por un tiempo, vuelven a encontrarse inesperadamente. Y mi papá me los iba presentando uno tras otro, a Black Guzmán, a Tarzán López, a Rito Romero, a Gori Guerrero, a Fernando Osés, a Sugi Sito, a Joe Grant, a Rolando Vera, al Murciélago Velázquez… Yo no podía creerlo. Veía cómo querían a mi papá y por primera vez me daba cuenta que él era uno de ellos. ¡Me daban la mano los mismos de las estampas de mi álbum! ¿Quién iba a creérmelo cuando se los contara a mis amigos en la escuela o a mis primos?

En su camerino, Enrique Llanes, enfundado ya en su bata, también abrazó a mi papá y luego que el compadre le dijo quién era yo, Enrique me dijo, muy serio, que mi papá siempre le ganaba a la hora de entrenar y que ojalá que yo sí llegara a ser luchador profesional cuando fuera grande. Entonces me dijo que me iba a enseñar algo que siempre dejaba en el camerino mientras iba a pelear. Algo muy especial. De una caja forrada de terciopelo rojo que estaba puesta sobre una silla, sacó un grueso cinturón negro adornado con placas de oro ovaladas. “Mira, me lo dieron cuando gané el campeonato mundial de peso medio”. Yo no sabía qué decir, la emoción era abrumadora. Luego fuimos al camerino del Médico Asesino. Tardó en abrir la puerta y cuando lo hizo, ya llevaba puesta su máscara aunque, me fijé bien, no se la había amarrado en la nuca, la llevaba suelta. Me impresionó mucho saludar a alguien cubierto por una máscara, me dio miedo. La Tonina Jackson nos recibió sentado en un sillón; era gordísimo, apenas cabía en el estrecho espacio del camerino, llevaba una camiseta roja sin mangas —así luchaba— y tenía cara de niño.

Tan pronto que terminamos nuestra ronda por los camerinos, nos fuimos a nuestras lunetas de ringside. Alcanzamos a ver tres peleas preliminares a tres caídas cada una y la pelea final. El espectáculo era el mismo que  veíamos  por  televisión,  pero  su  impacto  muy diferente. Era la sensación de estar prácticamente junto al ring y al lado de los luchadores, de vivir la tensión creciente desde el momento en que el anunciador, de smoking, y el réferi, de blanco, primero, y luego los luchadores, subían al ring entre aplausos, chiflidos y gritos de la enardecida concurrencia. Seguía el anuncio gritado de “Picoro” —así se conocía el anunciador— y la presentación de los rivales, a cargo del réferi, con sus correspondientes advertencias de cómo debían comportarse durante la lucha. Una vez despejado el ring, empezaban los enemigos a acercarse uno al otro desafiándose con la mirada y midiendo la distancia entre ellos que iba acortándose, acechándose, caminando uno frente al otro hasta que llegaba el momento del primer zarpazo y ya prendido uno del otro comenzaba la lucha cuerpo a cuerpo.

Era admirable la elasticidad y la agilidad con las  que se iba desarrollando la confrontación de los cuerpos, acoplándose y conjugándose mediante la aplicación de las clásicas llaves y de otras que los luchadores parecían improvisar con la violencia de un juego en el que la fuerza física se ponía al servicio de la inteligencia. Desde nuestros asientos alcanzábamos a percibir la respiración y el aliento de los luchadores, percibíamos sus palpitaciones, la humedad del sudor que al ir cubriendo sus cuerpos le iba sacando brillo a sus musculaturas. En una de las peleas preliminares, el Cavernario Galindo lanzó a su contrincante, Joe Grant, un alto y corpulento negro, fuera del ring y fue a caer precisamente en las piernas de mi papá. Joe nomás alcanzó a decir un rápido “¡Perdón, Juanito!” antes de incorporarse y con un ágil salto, regresar al ring. Un incidente que nunca hubiera sucedido frente al televisor.

La pelea final fue la más emocionante de todas. Nuestro compadre y Enrique Llanes estuvieron a punto de perderla. Habían ganado, en buena lid, la primera caída y perdido la segunda. Pero en la tercera, los “rudos” recurrieron a todo tipo de golpes bajos o bien, mientras uno inmovilizaba al compadre, el otro lo golpeaba, le picaba los ojos, truculencias que estaban prohibidas. Pero al final se impusieron los limpios y mientras la Tonina se rendía bajo los efectos de una “cerrajera”, la llave inventada por Enrique Llanes y bautizada así porque él era cerrajero, el Médico Asesino yacía de espaldas debajo del compadre que le había propinado unas patadas voladoras fulminantes y el referee contaba hasta tres sin que el enmascarado pudiera moverse.

Volvimos varias veces a las luchas. Pero luego, poco a poco fuimos dejando de ir. Ya no había luchas en Televicentro y, por alguna razón, nunca nos entusiasmó ir a la arena Coliseo donde continuaban celebrándose. Al compadre Ángel lo seguíamos viendo. De vez en cuando aparecía por la casa, sobre todo cuando andaba ruleteando y llevaba a algún pasajero a la Condesa-Hipódromo que era donde vivíamos. Un día nos contó que se había retirado de la lucha libre, comenzaba a sentir el paso del tiempo y ya no lo programaban en las peleas estelares. Prefirió alejarse voluntariamente   del   ring   antes   de   que   ya   no  lo incluyeran ni siquiera en las peleas preliminares. “El taxi es noble”, nos dijo cuando nos anunció su retiro, “al volante nadie se fija en la edad del chofer, conozco esta ciudad como la palma de mi mano y todavía no me canso de manejar”. Traía entonces un Plymouth gris perla, último modelo, del que parecía estar muy orgulloso…

Pasamos el día de su visita a Oslo con Angelito. Si no lo hubiera conocido desde que éramos chicos, hoy le hubiera dicho don Ángel. Toda su indumentaria y su fácil modo de llevarla y de comportarse y de dirigirse a nosotros, todo hablaba de la solidez y la prosperidad con la que se desarrollaba su vida en las alturas del mundo de las finanzas. La discreta elegancia de su holgado traje de lino, su camisa de seda cruda, su creciente barriga, su Rolex de oro, sus mocasines cafés recién lustrados, todo lo llevaba con la naturalidad de quien ha nacido en la privilegiada cuna de una de esas rancias familias porfirianas que sobrevivieron las inclemencias de la Revolución y luego acabaron usufructuándola sin inútiles rencores. Nos contó, mientras nos despachábamos el almuerzo que Holly le había preparado con toda suerte de arenques, salmón ahumado y quesos de cabra, que ahora vivía en una casa de Bosques de las Lomas que Luis Barragán le había diseñado al banquero a quién él se la había comprado, que se había divorciado hacía un par de meses, que afortunadamente no habían tenido hijos, sólo un gran danés que se había llevado su ex-mujer, por cierto una estrella de las telenovelas a la que Holly y yo, después de tantos años de vivir fuera de México, no conocíamos ni en fotografía, que desde hacía tres años estaba a cargo de una de las direcciones generales de NAFINSA…

Lo llevamos a la Galería Nacional porque, según nos dijo coleccionaba obras de arte. Nos contó que en una subasta de Sotheby’s había adquirido un grabado original de Munch. Luego fuimos a pasear al parque vecino de nuestra casa. Mientras lo recorríamos admirando las monumentales esculturas de Vigeland, comencé a hacer recuerdos de nuestros papás, de su amistad, de mi afición a la lucha libre. Él guardó silencio hasta que me interrumpió: “Mejor hablamos de eso más tarde, en otra ocasión”. Quise pensar en ese momento que lo que quería era concentrarse en la contemplación de las obras de arte que pueblan ese parque tan singular. Luego, durante la comida en la casa, a la sombra de los grandes árboles del jardín, intenté volver a compartir con él —con quién mejor que con él— mis recuerdos del compadre Ángel y de mi papá. El silencio fue su única respuesta. No insistí más.

Por la tarde lo despedimos en el muelle con un breve apretón de manos y lo vimos ascender la escalera hasta que llegó a la entrada del lujoso crucero desde donde volteó a vernos y sonriendo agitó la mano para despedirse. A pesar de todo y de él mismo, ¡cuánto se parecía a su padre, al compadre Ángel! Mientras regresábamos a la casa pensé que en su nueva vida solo había espacio para el olvido, que él se lo había impuesto, como una máscara de luchador, para poder sobrevivir en su   nuevo   mundo.   Sentí con   cierto  dolor, que seguramente sería pasajero, que al fin y al cabo ya no me quedaba hoy más que la lejana soledad de los recuerdos.

Vinderen, Oslo, septiembre de 2015

Publicado originalmente en: Juan Pellicer, Antología personal, editorial Aurora Boreal®, 2018, https://www.auroraboreal.net/ Reproducido con los debidos permisos.
Fotografía: ©Lorenzo Hernández

 

Juan Pellicer, Catedrático emérito, Universidad de Oslo.

Licenciatura en Derecho (UNAM, 1968). Posgrado en Administración Pública (London School of Economics, 1969). Maestría y Doctorado en Letras Españolas (Universidad de Oslo, 1987 y 1995). Ha publicado cinco libros: Mexico, Mexico, Oslo, Aschehoug, 1982 (sobre el desarrollo político y económico de México); El placer de la ironía, México, UNAM, 1999 (un estudio sobre Crónica de la intervención, de Juan García Ponce); Entre la muerte y un vaso de agua, México, UNAM, 2005 (sobre las letras mexicanas del siglo XX); Tríptico cinematográfico, México, Siglo XXI Editores, 2010 (sobre las primeras tres películas de Alejandro González Iñárritu); Antología Personal, Relatos, Editorial Aurora Boreal, Copenhague, 2018 (cuentos y novelas cortas). Ha publicado también numerosos ensayos y artículos sobre textos de diversos autores del mundo hispánico.

Salmo

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SALMO

Todo hombre

debe tener un hijo

plantar un árbol

un árbol para ahorcarse

un hijo para que lo entierre.

 

ULYSSES

Yo también quiero bailar con usted

pintarle de negro

las uñas de las manos

rasurarle el pubis

mamar de su pezón más viejo

toda la angustia

que habita en las estrías de la grasa

en la tristeza de la carne

deseo compartir mi plato

hacer un té

darle juntos

dos tiros al mismo pájaro

sembrar algo

lo que sea

en este desierto.

 

HACE DÍAS

un Marquis

da vueltas por el barrio

llegó el Avon

y a ti  te encontraron muerta

en un yonke de la Panamericana

fue brujería   dice tu mamá

esa noche soñó

que se le caían las muelas

o con un gallo negro

negro

como el Marquis

que le daba vueltas al barrio.

 

LA COPROFAGIA SEGÚN SAN CHONG

¿Gracias a quién por qué?

Si te parieron tres veces por el culo

300 mililitros de semen rancio

365 días de insomnio

y de rodillas ante las sopas instantáneas

prematuros exámenes de próstata

porque Zaratustra te lo dijo en sueños

tres dedos y en seco

micro-odita al fist fuck

y de rodillas ante cualquier cosa

que huela como el amor maternal

 

baño de cantina

narcofosa

miserable príncipe de la oscuridad

hermosa rata sodomita

soldado incircunciso

 

ERES EL GUARDIÁN EN EL CENTENO

bastardo

puta

perro que come caca

santo niño

te negaron tus apóstoles

(pinches judíos

pero fueron castigados

con el don generacional

para hacer stand-up comedy)

le dieron tus dientes a la bestia

ayer fue el último enema

el último gang bang metafísico

(estoy pensando

en una línea Cortaziana

que pare las nalguitas

como si fuera una metáfora beatnik)

dos puntos

Isidro cayó pa’l sur

pa’l norte cayó Jesús

Mariano para el oriente

como formando una cruz. 

 

 

Eric Roacho Saldívar nació en Ciudad Juárez, México, en 1988. Forma parte del taller literario BISONTE. Vato es su primer poemario publicado en 2016, bajo el sello de la Universidad Autónoma de Ciudad Juárez, por haber obtenido el primer lugar de la convocatoria Voces al sol. Escribe actualmente su segundo poemario, el más desafiante, titulado Cactus, en el que recopila escenas familiares punzocortantes.

¿Dónde vives?

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La fenomenología nos enseña que la frontera entre lo interior y lo exterior es borrosa. No hay discontinuidad sino transición gradual de la realidad exterior al mundo interior. Si analizamos nuestras experiencias con detenimiento, descubriremos que nuestra interioridad está constituida de forma análoga a la realidad exterior, pues hay sentimientos elevados o bajos, tenemos recuerdos lejanos y otros próximos, nos cuesta a veces orientarnos en relación con lo éticamente correcto, etc. De manera equivalente, percibimos el mundo físico, exterior, de acuerdo con categorías interiores, o sea, emocionales, intelectuales, éticas, espirituales, etc. Consideramos cierto paisaje como sublime o determinado barrio como degradado igual que hay lugares sagrados o sitios que representan una carga emocional fuerte para la memoria colectiva por los acontecimientos que tuvieron lugar allí. El pensador Maurice Merleau-Ponty considera que constituimos nuestra experiencia del espacio de acuerdo con la vivencia primordial de la percepción, y ésta no es la de una reflexión matemática que organiza el mundo según distancias objetivas o coordenadas exactas de altitud y latitud, sino según una pertenencia al mundo que es anterior a cualquier reflexión. Para desarrollar esta idea, introduce el peculiar concepto de carne (“chair”). Contrariamente a lo que podríamos suponer, esta noción no está ligada al yo, sino que es el medio compartido, el factor de ligazón entre el individuo y el mundo. El concepto de carne es una especie de metáfora que ilustra cómo nuestra conciencia no es principalmente intelectual, matemática, objetiva, sino que está espontánea y esencialmente cohesionada con nuestro entorno. La carne es en cierto sentido un elemento a la manera de los cuatro elementos de Empédocles -tierra, agua, aire y fuego- pues es lo que atraviesa todo el Ser y cohesiona los entes entre sí. Un objetivo principal para Merleau-Ponty es romper con la idea típicamente moderna de que sólo lo científicamente fundado tiene valor de realidad. En consecuencia, considera que nuestra percepción del espacio no es la de la observación distanciada y neutra, sino que responde a una profunda interpenetración de yo y realidad, pues ambos, sujeto y mundo, forman un círculo en el cual lo sensible y lo sentido, lo visible y lo visto, forman parte de un solo acto. En otras palabras, es necesario dejar atrás la concepción dualista de subjetividad interior y realidad exterior como dos ámbitos separados. Por el contrario, hay que ver la exterioridad como inherentemente entrelazada con la interioridad.

Trasladada esta idea a la tarea de describir dónde se vive, queda claro que es necesaria una reflexión sobre lo que significa habitar determinado sitio. No se vive meramente en tal país o en cual ciudad, sino que al mismo tiempo que uno habita un sitio específico, también se es habitado por ese país o por esa ciudad. Una existencia medianamente feliz tiene como consecuencia la identificación con el sitio donde se vive ya que es el lugar que le da a uno sustento y resguardo, una vida social, placeres y disgustos, etc. Ésta es la verdad inherente a la literatura costumbrista pues, más allá de la idea romántica de representar la esencia de la nación, esta tendencia literaria busca describir la interrelación profunda entre el individuo y su entorno. El apego al lugar implica fundirse con el sitio donde se vive: las costumbres, la comunidad, quizá incluso los recuerdos de la infancia y la adolescencia, todo esto pasa a habitar el interior de cada persona. El sentimiento de pertenencia a la patria chica puede llegar a alcanzar dimensiones oceánicas, tal y como se desprende de una obra como En busca del tiempo perdido, que toda ella trata de la recuperación de esos lugares del pasado personal que ya no existen más que en la mente del narrador Marcel y que, al finalizar la obra, van a pervivir en su escritura. No es excesivo decir que esta obra representa la condición común a toda persona de estar habitada por determinados lugares. La añoranza por determinado sitio es estar habitado por ese lugar, por ese espacio que de alguna forma ha pasado a ser parte de uno mismo. La exterioridad del sitio forma ahora parte de la interioridad del yo.

Al mismo tiempo, la vida interior puede, de manera paralela, trasladarse al mundo exterior. Imagen arquetípica de esto es Don Quijote, cuyo cuerpo se encuentra en la España del siglo XVII a la vez que su conciencia habita el mundo imaginario de los libros de caballerías con sus castillos encantados, gigantes y magos, doncellas y caballeros, etc. El hidalgo de la Mancha es, desde esta perspectiva, representación del poder de la conciencia de habitar el espacio físico, incluso a pesar de cualquier contradicción. Si, por un lado, Cervantes desmiente, por medio de los infinitos golpes y palos que recibe Don Quijote, la idea de que la imaginación puede transformar la realidad, por otro, muestra el entrelazamiento de interioridad y exterioridad cuando, en la Segunda parte de la obra, aparecen representados los lectores de la Primera parte, ya que estos personajes buscan vivir, en la realidad, lo que han leído en el volumen que apareció en 1605. De esta manera, los lectores del Quijote que aparecen en la Segunda parte se han contagiado del mal del protagonista pues, igual que él, desean vivir lo que han leído. Ahora bien, el autor que seguramente ha desarrollado el entrelazamiento de interioridad y exterioridad de la manera más radical es Julio Cortázar. Esa obra maestra de dos páginas llamada “Continuidad de los parques” ilustra a la perfección la consubstancialidad de lo exterior y lo interior. El protagonista de este relato, lector de una novela probablemente folletinesca y trivial, se sumerge en una lectura que se confunde con su realidad hasta el punto de que, al finalizar el cuento, el lector real ya no sabe cuál es el nivel de la ficción y cuál el nivel de realidad en el relato. Lo mismo sucede en “Las babas del diablo”, cuento en el que el nivel de la representación (la imagen fotográfica) se funde con el nivel de lo representado (la realidad física). El fotógrafo es trasladado (es significativa la pasividad del protagonista en esta transferencia) a la fotografía que saca al comienzo del cuento. Su mirada “natural” se convierte en la mirada de su cámara, y él es trasladado, de forma paralela, de la realidad física (el nivel de lo representado) a la “imagen química” de la cual él es autor (el nivel de la representación). Otro ejemplo sería el relato borgiano “Las ruinas circulares”, en el que un brujo concibe la idea de crear un hombre soñándolo. Cuando lo consigue, descubre que también él es un sueño, esto es, la realidad y lo soñado convergen, y no es posible diferenciar una del otro. Por medio de estos procedimientos narrativos, se representa la idea epistemológica de Merleau-Ponty de que no existe una realidad objetiva, científicamente pura, sino que nuestra experiencia de la realidad es de doble hoja, por así decir. Interioridad y exterioridad son reversibles o, en alusión a un famoso texto de este pensador, quiásticas.[1] Ninguna de las dos tiene primacía epistemológica sobre la otra, se dan siempre indisolublemente unidas.

Si se persigue esta idea, y se pasa de un plano epistemológico a un orden existencial, es posible afirmar  que cada persona está habitada o, mejor, que es habitada por aquello sobre lo que ha proyectado su voluntad. Esto es, uno vive en los libros, otro vive en internet, otro en sus resentimientos y deseos de venganza, otro en sus recuerdos, etc. Ser habitado por un afecto es enormemente habitual, hasta el punto de que el deseo puede tomar el control sobre los actos del individuo. También esto aparece en la literatura con sobreabundancia de ejemplos. En la Celestina, Calisto está habitado por el egoísmo y la lujuria, mientras que en Celestina y sus secuaces habita la codicia. Estos vicios los poseen hasta el punto de que los llevan a la muerte. De forma similar, en el Lazarillo los personajes secundarios, los diferentes amos de Lázaro, encarnan sus respectivos pecados: el ciego personifica la crueldad y el cinismo; el clérigo, la avaricia; el escudero, el orgullo y la vanidad; el buldero, la avaricia y el gusto por burlarse del prójimo; el arcipreste, la lujuria y la hipocresía. Toda esta galería de personajes muestra cómo cada persona puede ser habitada por determinado vicio hasta el extremo de condicionar toda su existencia. En realidad, ser habitado por una actitud vital es tremendamente humano, y por eso todas las tradiciones de sabiduría -el budismo, el hinduismo, el estoicismo, el cristianismo- predican la necesaria desvinculación de sí mismo, de los apegos, aficiones o ideas, ya que muy fácilmente se pueden convertir en valores absolutos. Cada persona tiene sus afectos –a sitios, a grupos, a convicciones- que pueden convertirse en verdaderas obsesiones. Por esta razón, las mencionadas tradiciones espirituales arguyen que es necesario descentrarse de sí mismo y de los apegos propios para conseguir una liberación espiritual como la que expresa la frase teresiana “vivo sin vivir en mí”. En el momento en que el individuo se desvincula de lo que lo habita, consigue una verdadera libertad que trasciende cualquier frontera o limitación espacial. Quizá sea ésta la causa de la enigmática pregunta que aquellos dos discípulos dirigieron, nada más conocerla, a esa persona absolutamente excepcional: “Maestro, ¿dónde vives?” (Jn 1, 38).

[1] La nota de trabajo Quiasmo – reversibilidad, inserto en Lo visible y lo invisible.